Bate-papo com Davidson Silva

A voz marcante e as músicas cheias de emoção consagraram o som de Davidson Silva no grande público cristão. Hoje, o cantor é o entrevistado em um bate-papo revisitando sua trajetória e contando detalhes de seu talentoso trabalho de evangelização.

Antes de mais nada, é um prazer receber no blog Olhando de Frente uma das maiores vozes cristãs. Davidson, como foi seu primeiro contato com Deus? Conte-nos o princípio desta história.


Primeiramente, eu agradeço pela oportunidade de estar falando um pouco da minha vida, da minha trajetória. Bom, eu sempre fui da igreja, por insistência da minha mãe, fiz primeira comunhão toda com sua assessoria, ela era e ainda é modelo de fé na minha casa.
A Crisma, já foi fruto da assessoria da minha mãe (risos), mas por decisão própria decidi fazer. Posso dizer que sempre fui muito atuante na igreja, fui coordenador de um grupo de jovens da minha paróquia, foi muito desafiante.
Além disso, cantei no coral também da minha paróquia. Mas a única coisa que gostaria de ter feito era a coroação de Nossa Senhora, pois achava o máximo às crianças cantando, os pais orgulhosos, tirando fotos e tudo. Assim dei meus primeiros passos na profissão da minha fé.




E o chamado para a música? Como foi a decisão de seguir essa carreira na juventude?


Sempre gostei de cantar. Desde criança, queria ser famoso, ganhar muito dinheiro, aparecer na TV e tudo mais. Cantava nas missas junto com o grupo de Jovens chamado IXTUS, mas lá cantávamos todos juntos, fazia muitas vezes os salmos e o ato penitencial, mas depois entrei no coral da minha paróquia (Coração Eucarístico de Jesus), a maestrina (Cléia) gostou da minha voz e, com isso, me indicou para cantar no coral do Banco Central de Belo Horizonte, sob a regência do Maestro (Edson D'Oliveira), que também investiu em mim, me dando aulas e tudo, me tornei solista desse coral e de outros corais também, chegou um tempo que cantava em três.
Viajei muito em festivais de corais e cheguei a cantar na Europa também. Bons tempos, os quais guardo muita coisa boa. Já, também, eu e alguns amigos chegamos a montar uma banda chamada New Faces, onde fizemos algumas apresentações, mas não durou muito. Por que será né? (risos).

Hoje você faz parte da Comunidade Católica Shalom (sediada aqui em Fortaleza). Conte-nos sua relação com essa Comunidade.

Nossa, eu conheci a comunidade Shalom, hoje minha família, através da Celina (Borges), fizemos muitos shows pela comunidade e em vários lugares do Brasil, inclusive muitas vezes em Fortaleza no evento Halleluya. Acho que Deus já estava me apresentando a vocação e o carisma que iria abraçar futuramente. Sou muito grato a Deus por essa vocação que não me deixa esquecer de Deus, do seu amor e misericórdia. Hoje, compreendo mais o meu chamado de forma profunda graças a vocação Shalom que faço parte.




Antes de cantar em carreira solo, houve um período de parceria com a cantora Celina Borges. Fale sobre essa fase.


Essa fase foi um divisor de águas em minha vida, a Celina foi um instrumento de Deus. Tive a oportunidade de conhecê-la através do coral. Lembro-me um dos ensaios normais, o Maestro com a Celina, dizendo que ela era uma cantora católica que queria um coro para lançamento do seu CD Deixe-me Nascer, isso em 1996, tempão (risos).
Fizemos a apresentação no lançamento e foi um sucesso, aí começamos a viajar com a Celina em vários shows pelo Brasil. Tive uma experiência fantástica com musica tem do CD “Deixe-me Nascer”, que fala sobre o mal do aborto, a privação da criança de amar sua mãe e ser amado. Estranho, eu que estou vivo, nunca vivi uma situação de aborto, mas chorava muito nessa música em especial.
Tive um entendimento anos mais tarde. A música cantada e ministrada pela Celina que como sempre nos fazia ter uma experiência com Deus em seus shows, era o pedido de Deus para nascer em mim, que o abortava muitas vezes em minha vida pela não aceitação de sua vontade, do seu amor em minha história de vida.
A música toda para mim tinha essa conotação. Até indico a todos a escutarem essa musica: Deixe-me Nascer. A Celina sem sombras de dúvida foi e é uma figura importante em minha vida, como homem de fé, músico, ministro de Música e missionário.

 Em 2010, o lançamento do CD Tomé ganhou o Brasil com letras fortes e emocionantes. Qual a proposta do novo trabalho?


Graças a Deus está aí mais um fruto das promessas de Deus e o Brasil tem cantado. “Tomé” é uma figura importante no carisma da comunidade Shalom, pois ele teve uma experiência com o ressuscitado que passou pela cruz, colocando suas mãos e vida nas chagas abertas de Jesus.
Justamente é essa a mensagem que quero exaltar da vida de Tomé, sua experiência como homem na vida de Cristo e não levantar uma bandeira da sua fé vacilante que de certa forma que atraiu o olhar e misericórdia de Jesus.
Hoje com o CD Tomé, tenho a oportunidade de cantar para os Tomés de hoje, me incluindo também, que a todo instante tem necessidade de uma experiência renovada com Jesus ressuscitado que enfrentou a cruz e declarou amor a todo o mundo, fazer de cada canção um hino de fé, amor e determinação para renovação de vida. Acho que essa é a proposta de Tomé.




A música tem uma força incrível, principalmente quando fala de Deus. Você já teve contato com alguma história de conversão ou testemunho a partir de suas músicas?


Com toda certeza, a música tem poder. Digo que ela é uma faca de dois gumes, fere e cura, mata, mas também ressuscita. Recebo todos os dias, praticamente, testemunhos de várias pessoas que tiveram experiências com amor de Deus através das minhas músicas.
Fico muito feliz em saber que a graça de Deus me acompanha a todo tempo, sei que a força não vem da minha pessoa e sim daquele que canta em mim, sou apenas uma voz que clama no deserto, quero que Deus cresça sempre e eu desapareça.




Com tantos momentos e tantas fases na Caminhada, que momentos mais marcaram você?

Acho que a notícia da gravação do meu primeiro CD que tem como título “Águas Profundas”, afinal de contas foi assim que começou a minha caminhada como cantor solo, me via completamente desprovido de tudo, era tímido demais, reservado ao extremo, perfeccionista (ainda sou um pouquinho) e, mesmo assim, Deus me deu uma missão de subir em palcos, falar para muitos.
Vocês devem se perguntar: Davidson, com medo de gravar? Doidera isso! Mas desde o tempo que cantava com a Celina aprendi que para cantar é preciso muito mais que uma voz.
Me recordo de um dos acampamentos para músicos da Canção Nova, onde o Nelsinho Correia dizia: "cantar não é só abrir e fechar boca e sim mostrar vida". Por isso, me deu um tremendo medo de aceitar essa missão, mostrar vida, a minha com Deus, o medo de dar de mim mesmo para o povo e não do próprio Deus.
Chamei muitas vezes Deus de louco por me escolher para uma missão tão importante. Mas fui me acalmando quando lembrei que o Senhor não chama os capacitados e sim capacita seus escolhidos. Assim sigo nessa minha vida aprendendo, sendo capacitado a todo instante para ir ao coração do homem que geme a espera da manifestação dos filhos de Deus.

Sabemos que perseverar na evangelização não é fácil. Quais as maiores dificuldades da sua Missão?

Para muitos pode parecer legal, estar a cada semana ou dia em um lugar diferente, mas muitas vezes há um desgaste mental e físico muito grande, pois muitas vezes não tem como dormir, pois o vôo é logo após o show, já cheguei de viagem e fui direto para o trabalho.

Às vezes tenho vontade de ficar em casa, sem pentear o cabelo, ficar com o controle na mão só mudando de canais (risos), curtir a família, estar nos aniversários dos familiares e amigos, ir ao cinema e curtir.
Posso dizer que é desafiante uma vida assim, pode sair do caráter de missão para um ativismo que gera até mesmo um problema de saúde sério. Não estou reclamando de sair em missão, hoje tenho muitos amigos que conheci nas missões, me sinto realizado de poder ver a ação de Deus nas pessoas, de receber carinho do povo, de poder colocar a cabeça no travesseiro e perceber que o meu cansaço descansará a muitos, isso é maravilhoso, se sentir útil para a felicidade do outro.
Digo de coração que servir a Deus é uma honra. Só estou mostrando que é exigente, precisa se ter muito cuidado e sabedoria para discernir até mesmo o tempo de parar e respirar.


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Parabéns para vocês! Que os olhos de todos que fazem parte dessa história esteja sempre voltado para onde Deus está, a frente, conduzindo, lutando e amando. Muita estrada pra vocês e muita Coragem, renúncia e disposição para todos! Um abraço!