Primeiramente obrigada pelo "inovador" fico feliz que pense assim do meu trabalho!
Outra coisa é como tudo começou... vou pegar leve porque a estória inteira é complicada pra escrever aqui. Em resumo, minha família sempre teve essa ligação com a igreja católica. Meus irmãos são evangélicos, mas o cristianismo sempre esteve presente, participo desde criança, e não tive muito essa coisa de "momento conversão", tenho uma visão um pouco diferente, uma porque a gente tá sempre se convertendo, no sentido de mudança de vida mesmo, acho que faz parte do ser humano buscar novas formas de comportamento, de melhora consigo e com os outros. O segundo lance é que eu nunca saí da igreja, ela faz parte da minha vida assim como a música e as artes visuais, eu sempre gostei de desenhar (acho que toda criança curte!) só que depois isso acabou durando, eu fui cartunista, fiz graffite, fanzine e depois parti pra faculdade de design. Toco violão desde os 6 anos de idade, nunca estudei mesmo, foi um lance meio autodidata... eu tive a primeira banda de rock com 11 anos, então acho que posso dizer que veio tudo junto!
Recentemente, você assumiu os vocais da banda Beatrix, da qual já fazia parte. Conte para nós como foi essa transição.
Pouca gente sabe, mas eu tive outras tantas bandas antes do Beatrix. Já havia sido vocalista em algumas, claro que nenhuma teve essa proporção que o Beatrix tem e a responsabilidade de gravar um disco. Cantar nunca foi meu forte, eu sempre fiz isso pra quebrar o galho, porque o lance pra mim sempre foi tocar guitarra. Quando o Beatrix tava no comecinho, os meninos queriam que eu fosse vocalista, só que eu não me sentia preparada, achava aquilo fora de cogitação, tanto que fui procurar uma vocalista e acabei conhecendo a Aura Lyris. Ela também não cantava na época, tinha feito uns musicais no colégio e aulas de teatro. Ela foi aprendendo a ser vocalista. Depois que a Aura saiu da banda, nós tínhamos duas opções: 1) Começar outra banda, com outro nome e outra vocalista; 2) Lize no vocal e continuar com o Beatrix. Achamos que a primeira ideia era descartável, a gente se dá superbem e não tinha porque trazer mais uma pessoa nova pro nosso convívio. Resolvi aceitar o desafio e partir pra nova missão. É claro que teve muita gente me ajudando tanto na questão de apoio - sem meus amigos isso não seria possível - quanto no quesito profissional. O André Leite, vocalista do IAHWEH, que é um cara incrível foi meu maior mentor e incentivador, é Deus no céu e o André na Terra pra mim.
A nova fase do Beatrix traz o segundo CD da banda, "Lugar Comum". Como foi a concepção de projeto? Quais as expectativas e os objetivos deste novo trabalho?Esse projeto ficou bastante tempo incubado. Era pra ele ter saído pelo menos um ano antes, com a antiga formação, mas sei que Deus tem seus motivos, os quais hoje compreendo com mais clareza de porque as coisas não foram tão rápidas como a gente imaginava. Até falo isso pra
galera que está começando... uma ideia precisa de maturação, precisa ser bem trabalhada pra entrar em ação. Tudo corre para o bem dos que amam, não é verdade? Acho que esse trabalho foi uma experimentação, tem muitos sentimentos nele. O disco tem esse nome porque queríamos nos identificar com as pessoas que gostam do nosso trabalho, chama-se Lugar Comum não no sentido de um lugar qualquer, mas sim de lugar EM comum. Todos somos habitantes do mesmo planeta, estamos no mesmo lugar do mundo, não é porque somos católicos, budistas ou protestantes que vivemos em uma redoma. Somos todos parte desse mundo, universo de informações de acontecimentos considerados bons e ruins. Estamos vivendo na explosão dos sentimentos na loucura real onde fingir viver não é viver de verdade. O Beatrix tinha algo pra falar. Isso é importante! Ter algo a dizer é o princípio básico pra quem quer gravar um disco e não o oposto. Vejo muita gente produzindo coisas e tal, mas coisas que realmente são relevantes, que vem de dentro e que partem de uma experiência de necessidade de expressão são poucos. Esse trabalho tem esse conceito: olhe o mundo ao seu redor, não seja apenas um espectador, participe! Revolucione, mude sua maneira de pensar, tente refletir sobre o que está acontecendo na política, nos fatos, assista os jornais, leia, informe-se, não seja um alienado. E
acima de tudo, questione!
galera que está começando... uma ideia precisa de maturação, precisa ser bem trabalhada pra entrar em ação. Tudo corre para o bem dos que amam, não é verdade? Acho que esse trabalho foi uma experimentação, tem muitos sentimentos nele. O disco tem esse nome porque queríamos nos identificar com as pessoas que gostam do nosso trabalho, chama-se Lugar Comum não no sentido de um lugar qualquer, mas sim de lugar EM comum. Todos somos habitantes do mesmo planeta, estamos no mesmo lugar do mundo, não é porque somos católicos, budistas ou protestantes que vivemos em uma redoma. Somos todos parte desse mundo, universo de informações de acontecimentos considerados bons e ruins. Estamos vivendo na explosão dos sentimentos na loucura real onde fingir viver não é viver de verdade. O Beatrix tinha algo pra falar. Isso é importante! Ter algo a dizer é o princípio básico pra quem quer gravar um disco e não o oposto. Vejo muita gente produzindo coisas e tal, mas coisas que realmente são relevantes, que vem de dentro e que partem de uma experiência de necessidade de expressão são poucos. Esse trabalho tem esse conceito: olhe o mundo ao seu redor, não seja apenas um espectador, participe! Revolucione, mude sua maneira de pensar, tente refletir sobre o que está acontecendo na política, nos fatos, assista os jornais, leia, informe-se, não seja um alienado. E
acima de tudo, questione!
As letras do Beatrix sempre exploraram temas atuais de uma forma singular. Em "Lugar Comum", esta abordagem parece ainda mais profunda. Fale sobre as temáticas abordadas no novo CD.
Bom, eu acho legal falar das músicas, detalhar e tudo mais. Só que ao mesmo tempo eu sinto que cada um tem liberdade pra sentir o que quiser, pra dizer o que acha, se concorda, se discorda, se acha irrelevante. Eu leio o que escrevem por aí sobre as músicas, o clipe mesmo, (Mentira de Mentira) gerou bastante polêmica. Algumas pessoas perguntam se a gente é mesmo católico, enfim, as vezes tenho essa sensação de que as pessoas ainda não sacaram o que é ser realmente cristão. Se concentram nas pequenas coisas, nos detalhes minúsculos, ante a uma série de questões muito mais amplas e sérias pelas quais todos estamos passando. Esse disco tem uma olhar crítico, mas acima de tudo é sincero. Nele nós nos reconhecemos errantes, perdidos, confusos... é só ler, isso está explícito no disco. Eu estava meio cansada de ouvir sobre a perfeição imaculada que se ouve em muitas canções por aí. Um dia o Padre Zezinho disse que Deus não precisava do nosso louvor, que é nós é que precisamos Dele. Cantar e cantar repetindo as mesmas coisas não nos faz mais cristãos que os outros. Nós somos feitos de carne e osso, somos errantes e podemos levantar e voltar a olhar pra frente. Sejam os cristãos no mundo, aquilo que alma é no corpo, diz o Concílio Vaticano II. Eu diria que as composições do Beatrix neste disco estão um pouco mais honestas.
Você também participa de outros projetos da Codimuc, como o videoclipe da banda Iaweh, o DVD acústico do Rosa de Saron e o DVD da banda The Flanders. Comente sobre estes trabalhos.
É. Digamos que esse seja o meu trabalho, não que o Beatrix não seja - pelo menos não bato cartão! - mas a CODIMUC é uma família pra mim, acho que sem ele não teria feito metade das coisas que realizei. Eles sempre me deram oportunidade de mostrar meu trabalho, e acreditaram em mim. Só que tudo na gravadora é em equipe. Eu não faço nada sozinha, apesar de levar os créditos. Temos uma equipe muito competente que rala pra caramba e tem muito amor no que faz, acho que é isso que faz dar certo.
Sobre o IAHWEH, eu fiz a direção, direção de arte e ainda ajudei na produção... foi uma correria louca e graças ao pessoal da Balaio Filmes, principalmente Mariana Mariana Moraes, tudo ficou muito bonito. A gente fez esse trabalho em parceria e foi um bom casamento.
No Rosa de Saron Acústico, fiz a direção de arte - pra quem não sabe isso significa: cenário, figurinos, maquiagem - e tive uma equipe maravilhosa na execução, foi um dos trabalhos que eu mais curti fazer, adoro os meninos do Rosa, a gente é amigo mesmo.
E o Flanders, depois de muitos dias de trabalho e correria junto com meu irmão superprodutor Netinho, acabei assinando a direção geral. Foi meu primeiro trabalho oficial como diretora de DVD. Fiquei feliz por fazer parte da estória do Flanders, já que eles foram muito importantes pra mim quando estava no começo.
Quais as suas influências na hora de criar? E que sons curte ouvir?
Referências eu costumo dizer que estão em muito mais coisas do que a gente pode imaginar... na verdade penso que na hora que me aparece um novo projeto, todas as minhas referências anteriores são utilizadas, é como se rolasse uma pesquisa interna de tudo que eu já vi. A música, o cinema, as artes visuais, as propagandas, a moda... tudo isso me inspira muito. Sou amante do cinema e metade das coisas que eu penso tem alguma ligação com filmes. Eu poderia discursar aqui sobre vários artistas, arquitetos, designers e músicos, mas cada trabalho é um universo novo. Gosto de aprender sobre diferentes coisas, eu sempre faço painéis de pesquisa e referência, acho que essa coisa do visual presente é importante pra criar.Sobre o que eu gosto de ouvir... puxa vida, são tantas coisas! Eu gosto de rock pra começar... alternativo de preferência. Gosto de ouvir indie e essas coisas novas misturadas com eletrônico também. E sou amante do Jazz e MPB. Eu cresci ouvindo música brasileira e sempre gostei de tocar violão nas festinhas de amigos.
Como você vê a atual cena da música católica no Brasil?
A música católica pra mim, está em uma boa fase se você observar pelo lado de fora. Bandas que "não existiam" para o grande público, hoje são conhecidas, como é o caso do Rosa de Saron e o Anjos de Resgate. Tivemos claro, uma forte exposição de padres na televisão aberta. Fato é que estamos sendo vistos. Muita gente ainda não consegue diferenciar musica católica de música gospel e muitos ouvem algumas bandas e não sabem que elas são desse segmento, mas temos
muito pra crescer ainda. O céu é o limite!
Quais os projetos para 2012? O que podemos esperar este ano?
O futuro a Deus pertence não é mesmo? Esse ano é uma ano de preparação para a JMJ 2013. Tudo acaba convergindo para isso. Estou na equipe da CNBB e vejo o quanto o pessoal do Brasil todo está esperando por esse acontecimento. O Beatrix está tocando em alguns eventos oficiais, como no Bote fé de São Paulo, por exemplo, tivemos um público de mais de 100 mil pessoas. Estamos divulgando nosso trabalho, rodando o país com shows e divulgando nosso material na internet e TV. A gente gosta de desafios, acho que de repente pinta mais um clipe, quem sabe algo... inovador? (risos)
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Somos suspeitos de falar da Lize, dos integrantes da Banda Beatrix e da propria BANDA ! hehe somos fãs incondicionais ! parceiros ! ótimas entrevista e expressa o que nós pensamos e idealizamos para nossa juventude ! liberdade de expressão, mas sem perder a essencia da cristandade de Jesus ! é isso ai ! #tamojunto #geracaocatavento Adriano e Nandah !
ResponderExcluirMuito boa a entrevista, hein! Parabéns ao blog pelas perguntas inteligentes e à Lize pelas respostas sensacionais.
ResponderExcluirSerá que podemos publicá-la no site da Codimuc, obviamente citando a fonte?
Um abraço
Claro que sim, Alexandre!
ExcluirFique à vontade para compartilhar o material.
Paz!
Gostei muito da entrevista com a Lize !!
ResponderExcluirEla sempre sabe o que falar !!
Curto muito Beatrix .